Restos de Colecção: “A Batalha da Produção” em … 1975

17 de outubro de 2010

“A Batalha da Produção” em … 1975

A Batalha da Produção”  teve como um dos principais dinamizadores, o então Secretário de Estado do Emprego Carlos Carvalhas do PCP, tendo declarado a mesma como meta para «ajustamento às necessidades da população»

              Artigo no Diário de Lisboa de 19 de Maio de 1975                                            Vasco Gonçalves

   

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O excerto do discurso do então Brigadeiro Vasco Gonçalves, primeiro - ministro de Portugal, no 1º de Maio de 1975, é elucidativo da ideia subjacente a esta “batalha” ….

«Quem é o nosso inimigo principal? O nosso inimigo principal é o fascismo e a reacção.
Mas, no fundo, temos de discernir, neste momento, quais as brechas, por onde eles podem penetrar. Está em causa, fundamentalmente, a nossa estrutura económica. Ela está doente, doença que já vem do tempo do fascismo. É uma herança que temos, mas cujo estado se agravou, devido à sabotagem económica, à crise do capitalismo e também ao próprio desenvolvimento do processo revolucionário.
A nossa crise económica é, neste momento, o obstáculo fundamental a vencer. É a nossa grande dificuldade. E o tempo que temos para a vencer é limitado.
Ou recuperamos, por nós próprios, com o nosso esforço ou comprometeremos gravemente a marcha do nosso processo revolucionário, o futuro da nossa Pátria. Estariam á vista o regresso do fascismo, a dependência económica, a perda das liberdades.
A nossa luta é decisiva. Apelo, aqui a todos os trabalhadores, a todos os patriotas, para que se lancem na batalha da produção, de cuja vitória depende o futuro da Revolução.
A batalha da produção é uma etapa necessária para vencer a crise económica e criar condições para o futuro desenvolvimento da economia, numa via para o socialismo.
O desencadeamento da batalha da produção é, portanto, uma necessidade imediata e imperiosa nas actuais condições.
O papel principal nesta batalha da produção pertence a vós, trabalhadores que, hoje, dadas as medidas já tomadas contra o capital monopolista e latifundiário, no sentido do domínio pelo Estado de sectores básicos da produção e do arranque da reforma agrária, têm a garantia que o seu trabalho e a sua opção reverterão em benefício da colectividade e não em benefício das classes privilegiadas.»

«Espero ter sido claro.» , rematou o orador ….

                    Bilhetes da CARRIS de 1975, apelando no seu verso à “Batalha da Produção”

      

         

      

Excerto do discurso e bilhetes da Carris in: Centro de Documentação 25 de Abril

                                                      e a “batalha da produção” começou ….

           

Mas a 10 de Maio os “Conselhos Revolucionários de Trabalhadores, Soldados e Marinheiros”, já tinham concluído que «a batalha da produção […] está condenada ao fracasso» por não estar «ligada ao problema da conquista do poder pelo proletariado».

Por essa razão ou por outras, a verdade é que esta “batalha da produção” não surtiu os efeitos desejados …. em 1977 entraríamos numa crise financeira gravíssima (a 1ª em 6 anos) que levaria a Mário Soares, então 1º ministro, a pedir a intervenção do FMI. Em 1983 estaríamos de novo em apuros, e mais uma vez o FMI  veio em socorro, do então Governo do bloco central PS/PSD (conhecido pelo governo Soares/Mota Pinto) sendo Mário Soares 1º Ministro.

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