Restos de Colecção: Termas do Gerês

13 de dezembro de 2013

Termas do Gerês

As “Termas do Gerês” situam-se na vila do Gerês, em pleno coração do “Parque Nacional da Peneda-Gerês”, freguesia de Vilar da Veiga, Concelho de Terras de Bouro.

          Observatório Meteorológico da Serra do Gerez                            Serviços Florestais da Serra do Gerez

 

Aldeia de Bouro na estrada entre Braga e Gerez

Com referências históricas que remontam à época dos Romanos, conforme atestam moedas encontradas em escavações junto às nascentes termais, é no reinado de D. João V que se constroem os primeiros edifícios para banhos, nas Caldas do Gerez, constituídos por tanques de granito abrigados em guaridas em pedra - os Poços.

Bica e Poços

Em 1887 é esta estância visitada por suas majestades D. Luiz I e D. Maria Pia, D. Carlos I, então Príncipe real e sua esposa D. Maria Amélia. Só em 1897 é iniciada a construção do primeiro Estabelecimento Termal do Gerês.

A 7 de Dezembro de 1888, o governo adjudicou por contrato provisório as águas medicinais do Gerês a uma empresa formada pelo Dr. Ricardo de Almeida Jorge e o Dr. Paulo Marcelino Dias de Freitas, «distintíssimos médicos e eminentes professores», pelo prazo de 50 anos.

O contrato definitivo foi publicado no “Diário do Governo” a 25 de Julho de 1889, e assinado a 16 de Setembro. A 10 de Março do ano seguinte por escritura lavrada no Porto, esta concessão foi vendida a uma sociedade anónima, a “Companhia das Caldas do Gerez”, de que foram sócios fundadores o Dr. Ricardo Jorge e o capitalista bracarense Manuel Joaquim Gomes, afastando-se assim Paulo Marcelino do processo de exploração hidromedicinal das Caldas do Gerês.

                                Laboratório das Termas                                                         “Pharmacia das Thermas”

 

                           “Colunata Honorio de Lima”                                                    Lago do “Parque das Termas”

 

Avenida do Gerez

 

A direcção clínica pertencia ao Dr. Ricardo Jorge, que a exerceu de 1889 a 1892, mas quanto as inovações prometidas, atestadas pelo relatório do inspector de Obras Públicas de Braga, em Abril de 1890, que muito pouco se tinha feito: «Não foi alterado, nem sofreu o mais insignificante melhoramento (…) Os concessionários limitaram-se a canalizara  água da Forte para o primeiro pavimento do Hotel Universal (…) para ali fornecerem banhos de imersão e duches. Os banhos são dados em nove banheiras de zinco, havendo um único aparelho de duche (…) o engarrafamento da água para exportação, continua a ser feito na rua.» (cit. Acciaiuoli 1944, III: 134)
Em 1893 o engenheiro Alfredo Freire de Andrade escreve no seu relatório de visita «não existe hoje no Gerês, estabelecimento algum de banhos, além do que já existia no século passado» (ibidem).

A 17 de Junho de 1893 a “Companhia das Caldas do Gerez” abriu falência, e a 31 de Março de 1894 foi publicado um decreto de rescisão do contrato por não cumprimento das regras da concessão, ao que se seguiu um longo processo na justiça. 

A exploração viria a ser concessionada em 1896 à “Empresa das Águas do Gerez”, que em 1899 abriu os novos balneários. Sarzedas na sua visita de inspecção de 1906 não poupa elogios ao estabelecimento termal, aliás dois, um “luxuoso” para banhos de 1ª e 2ª classe, um outro “mais modesto “ para banhos de 3ª, 4ª classe e indigentes. Mas a parte mais interessante do seu relatório é o capitulo dedicado à salubridade do local, que o autor considera excelente tanto no estabelecimento como no sistema de hospedagem com 10 hotéis e “chalets”, que asseguravam uma capacidade de hospedagem superior a 800 pessoas.

1903

Estabelecimento Termal de 1ª Classe (exterior e sala de espera)

 

Estabelecimento Termal de 2ª Classe

 

1890

1900

                      Hotel Ribeiro” e “Hotel do Parque”                                                   “Hotel das Termas”

 

1907

 

“Hotel do Parque”

 

Imagens do interior do “Hotel do Parque”

 

 

                  “Bouvette”                                                                           Etiquetas de bagagem

 

1913

Em 1920 …

… em 1934

Em 1944 era director clínico das Caldas do Gerez,  Celestino Maia, eminente hidrologista que se dedicou ao estudo das aplicações terapêuticas das suas águas na normalização da biligénese (1944) e nas tensões arteriais elevadas (1947), na sua aplicação em doenças cutâneas (1950) e na excreção (1952) e eliminação da ureia (1955).

1929

1943

 

Entretanto as características termais eram e continuam a ser as seguintes:

Cirroses hepáticas, congestões hepáticas, catarros tóxicos ou infecciosos das vias biliares, nefrites, reumatismo, catarros das mucosas. Excitante da célula hepática. Doenças hepatobiliares, hepatites icterogénicas, obesidade, diabetes, gota, litíases renais e úricas, reumatismos crónicos, alergias, hipertensão arterial. Fígado e vesícula, hipertensão, obesidade, diabetes, cálculos renais e biliares, reumatismos crónicos.

Época termal no Balneário Termal: 1 de Maio a 31 de Outubro

1960

Em 1998 o projecto europeu Thermaios dedicou-se ao estudo das termas do vale do Cávado (Gerez, Caldelas e Eirogo). A equipa chefiada por Xavier Baibe apresentou ás respectivas autarquias e concessionários das águas propostas de renovação do conceito de termalismo. Assim, Eirogo seria convertida numa quinta rural com termalismo não concretizado, e no Gerês os trabalhos seriam de reconversão urbana e recuperação do património construído, além da animação termal e da criação de um clube de saúde. Ainda nesse ano de 1998, foi feito novo contrato de exploração com a “Empresa de Águas do Gerez”, onde são agora sócios maioritários a família Van Zeller, viticultores conhecidos sobretudo pela empresa “Sogrape”.

Principais unidades hoteleiras da Estância Termal do Gerês

“Hotel Águas do Gerês” ex “Grande Hotel Maia”            Hotel-Apartamentos Gerês Ribeiro ex “Grande Hotel Ribeiro”

 

           “Hotel Universal” ex “Grande Hotel Universal”                  “Hotel das Termas” antigo hotel com o mesmo nome

  

E …, infelizmente, o “Hotel do Parque” em estado de abandono

Hoje o Estabelecimento Termal, remodelado e reequipado, e o novo Spa Termal, encontram-se dotados das mais modernas técnicas termais e de bem.estar, possibilitando assim dar resposta às expectativas dos termalistas que as frequentam, e ainda adequar-se à crescente procura na área do turismo de saúde, beleza e bem-estar. Desta forma o Estabelecimento cria novas valências, de onde se destacam a piscina dinâmica, os duches de cuba, pulverização e sequencial 3 essências e ainda uma vasta área de gabinetes de massagem e estética termal, bem como um moderno ginásio.

Balneário das Termas e Complexo das “Águas do Gerês Termas e Spa

 

 

 

«As Águas Medicinais mais valiosas da Europa na Serra mais formosa de Portugal».

fotos in: Delcampe.net, Hemeroteca Digital, Galeria de Luís Paiva Boléo, VHM

2 comentários:

João Menéres disse...

Foi já década de 60 que o Hotel das Termas sofreu um valente incêndio, em Agosto ou Setembro.
O único quarto que ficou intacto era onde eu estava alojado, Os dois hoteis ( Universal e Termas ) estavam colados um ao outro. Portanto, o meu quarto tinha paredes de perpeanho e essa foi a razão de pouco ou nada ter sofrido. Era por cima do Posto de Turismo e ainda ajudei a retirar daí móveis e documentos.
Manhã cedo, voltei ao quarto porque me tinha esquecido de uns botões de punho na prateleira do lavatório !

isabel Lopes disse...

FOI UM HORROR SOU NETA E FILHA DE GERESIANOS DONOS DO HOTEL RIBEIRO E MODERNO ANTES DE SER VENDIDO ESSES HOTEIS ERAM DE MEU TIO E OS MEUS AVÓS TINHAM O HOTEL JARDIM JUNTO DA IGREJA E OUTRO TIO OUTRO JUNTO DO PARQUE O GERES NUNCA MAIS FOI O MESMO DE ESTE TEMPO FIZERAM OBRAS QUE ACHO UMA VERGONHA MAS QUE FAZER ??????? ISABEL LOPES MEUS AVOS ERAM BALTAZAR DIAS DA SILVA

8 DE NOVEMBRO DE 2020